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23 de junho de 2012

Os Resultados da Rio +20: não é preciso mais 20 anos para saber o que vai acontecer


Por Alexandre Macedo



O que esperar da Rio +20? 


Qual a relevância desta “reunião” de 193 países para as vidas da grande maioria das pessoas que vivem em situação de expropriação, exploração, etc.? 

Sem meias palavras, não há relevância alguma. Antes que seja acusado de sectarismo, peço às pessoas que olhem a história recente. Qual a mudança positiva na vida das pessoas e das “não pessoas” no Brasil e no mundo a partir da Conferência Rio 92? 

Preciso responder?! 

Alguns dados para pensar: A OIT estima que 200 milhões de pessoas ficarão desempregadas este ano; o desmatamento da Amazônia avança sem controle e em muitos casos, patrocinado pelo Estado; o código florestal brasileiro está sendo aprovado nos moldes do agronegócio; a fome aumenta no mundo, as guerras se multiplicam, a corrupção não pára de crescer, o salário dos trabalhadores é uma vergonha, greves de servidores, professores, metroviários, motoristas de transporte coletivo, a Amazônia ocupada de forma vergonhosa pelas grandes empresas, etc., etc., etc. 

Nada disso importa para os “interessados” na “sustentabilidade”. 

Temos uma mídia comprometida e financiada pelo Estado e por isso, ela estampa essa manchete: Rascunho final da Rio+20 cria fórum de alto nível para sustentabilidade (fonte: Portal de notícias G1). 

Pergunta: alto nível para quem? 

A Rio +20 cumpre seu papel burguês, fortalecer o capital, reforçar o conceito de sustentabilidade. Gasta-se milhões com um evento deste, para convencer as pessoas que o mundo será sustentável com a economia verde. Aliás, dinheiro público! 

Chamo atenção, não é a cor da economia que tem causado danos ao planeta, é sim, esse modelo econômico perverso de poucos. O mundo precisa de outro modelo de desenvolvimento e ele existe sim. 

Por que não deixam os povos falarem? 

Não deixam!! 

Impõem sobre as pessoas a violência do silêncio, tira o direito à voz e se auto-intitula porta voz de um povo que nem voz pode ter. O discurso é sempre “bonito”, porém “líquido”. 

Digamos não a esta representatividade! 

Digamos não a Rio +20! 

Nós educadores ambientais não lutamos para educar ninguém, lutamos para que as pessoas, em diálogo com as outras pessoas, se eduquem. Queremos que a educação ambiental seja problematizadora e contribua para o debate, com ações que visem a emancipação das pessoas. Dizemos não, a esse modelo de sociedade, dizemos não à Rio +20, dizemos não ao discurso de sustentabilidade reproduzido nas escolas públicas, dizemos não a uma educação ambiental bancária, utilitarista e pragmática! 

Ah, o legado da Rio +20 para os otimista será a frustração! Para nós, matéria prima para lutar contra o sistema capitalista perverso, mentiroso e desumano. 

Denuncio, não por que não acredito em uma nova realidade e sim, por que sei que é possível construí-la. 



“A crítica arrancou as flores imaginárias dos grilhões, não para que o homem os suporte sem fantasias ou consolo, mas para que lance fora os grilhões e a flor viva brote”.

Marx



Abraço a todos e todas! Até o mês que vem.

18 de junho de 2012

Global Greens reúnem na Rio +20

Defender outra forma de ver o mundo e fazer política em todo planeta. A favor desta idéia os verdes brasileiros e de mais 36 países reuniram no dia 18 de junho (segunda-feira), no Rio de Janeiro, e debateram a transição em direção à uma economia verde.

Os verde internacionais apresentaram à imprensa as resoluções retiradas no III Global Greens, ocorrido este ano em Dakar/Senegal, que serão encaminhadas formalmente às autoridades reunidas na Rio+20. 

Entre os verdes presentes estavam os Deputados Federais José Luiz Penna (PV-SP), Zequinha Sarney (PV-MA) e Edson Duarte (PV-BA), o Deputado Estadual Gabriel Guerreiro (PV-PA) e a Deputada Aspásia Camargo (PV-RJ), citando apenas os que blogueiro conhece. Entre as personalidades internacionais registrei a presença do coordenador-geral do Global Greens, Jean Rossiaud, dos Senadores Joel Labbe (França), Kennedy Maxwell (Nova Zelândia) e Larissa Waters (Austrália), das Deputadas Ewa Larsson (Suécia) Eva hallstrom (Suécia), além do Ministro do Desenvolvimento Sustentável da Bélgica, Jean-marc Nollet, e dos representantes da Federação dos Partidos Verdes das Américas, Manuel Dias (Venezuela), Carlos Ramon (Colômbia), Margot Soria (Bolívia).


Conheça o documento: Resolução III Global Greens

15 de junho de 2012

Duciomar está possuído!

O Prefeito Duciomar Costa está possuído por um espírito zombador. Depois das desastradas e desastrosas obras do BRT (que ninguém nunca viu o projeto, nem conseguiu acessar os documentos da licitação, além de não possuir licenciamento ambiental), da irresponsável lista de obras irregulares (portal da amazônia, pórtico metrópole, macrodrenagem da estrada nova, etc.) e do duvidoso leilão das máquinas da macrodrenagem, que zombam da inteligência do eleitor e das instituições republicanas, agora o nosso alcaide pretende construir uma laje sobre o canal da doca no trecho entre as ruas Boaventura da Silva e Tiradentes.

Mais uma vez, por causa da proximidade das eleições, o prefeito tem pressa na realização da obra. E, mais uma vez, não existe projeto e estudo de impacto ambiental (se existir licença a SEMMA terá que se explicar), denuncia o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), que acionou o Ministério Público do Estado (MPE) para tentar impedir a zombaria.

Daqui a pouco, o prefeito terá que fazer uma licitação para comprar óleo de peroba para lustrar sua cara de pau. Vai de retro satanás, tá amarrado!

Entenda o assunto:


4 de junho de 2012

A Educação Ambiental e a Rio + 20: Uma Auto Crítica é Preciso!

Por: Alexandre Macedo Pereira

A Conferência Rio + 20, a ser realizada de 20 a 22 de junho, do corrente ano, é segundo Brice Lalonde, “uma oportunidade histórica para desenvolver idéias que possam promover um futuro sustentável - um futuro com mais postos de trabalho, com fontes de energia limpa, com mais segurança e com um padrão de vida decente para todos. "O Rio+20 é um dos maiores encontros mundiais sobre o desenvolvimento sustentável do nosso tempo". O evento mobiliza as representações governamentais e não governamentais do mundo inteiro, tendo como centralidade, segundo Ban-Ki-Moon, “construir um modelo de desenvolvimento sustentável”. 

Este é um momento oportuno para os movimentos sociais, científicos, políticos, ativistas refletirem sobre os avanços e retrocessos do campo da Educação Ambiental no Brasil, nos últimos vinte anos, e os desafios impostos pelo modelo de desenvolvimento econômico vigente, assim como as questões ambientais. 

A Conferência Rio 92 foi um marco na trajetória do campo da Educação Ambiental no Brasil. A partir desse referencial histórico algumas conquistas se consolidaram no cenário nacional, dentre elas destaca-se a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9795/99). 

Todavia, o momento exigia realizar o processo de reflexão-ação, binômio que aborda não somente o pensar teórico, mas, o pensar validado na prática social ligado ao agir/transformar (FREIRE). Ação e conhecimento elaborando a realidade, o homem e a natureza. Neste sentido também se posiciona Mao Tse-Tung ao afirmar que o critério de verdade é a prática social. 

Constitui-se neste momento histórico um questionamento fundamental: que compreensão de educação ambiental é possível na contemporaneidade? Que contribuições a Educação Ambiental vem dando na transformação da realidade no Brasil? Ainda não foi possível constatar mudanças substanciais no campo da educação Ambiental. Os avanços são frágeis, seja no campo da educação formal, não formal e informal. Portanto, é necessário compreender as contradições e antagonismos constitutivos da Educação Ambiental no Brasil. 

Por fim, uma última questão: qual o espaço que a Educação Ambiental ocupa na agenda da Rio + 20? Não precisam sofrer! Nenhum. Há muito mais que refletir sobre esse processo, todavia, estamos apenas refletindo sobre uma parte da realidade posta, mas não desconsiderando a sua totalidade, pois se o assim fizesse estaríamos atuando no campo da aparência. Se quisermos consubstanciar a Educação Ambiental precisamos, como afirma Paulo Freire, realizar uma práxis transformadora, a qual por sua vez exige a compressão da totalidade. Portanto, olhar para a particularidade requer compreender as conexões e ligações todo/parte, parte/todo. Processo essencial na compreensão dos fenômenos. 

Está na hora de superar fragilidades teóricas, políticas, metodológicas e avançar com consistência para a elaboração criativa de uma Educação Ambiental comprometida com os seres humanos, contra as injustiças, uma Educação Ambiental politizada e ética. Nesse momento não é mais possível fazer Educação Ambiental abraçado com as forças produtivas do capital. Vinte anos de história têm mostrado de forma clara e ampla que, inseridos no sistema atual torna-se impossível a “sustentabilidade” pretendida. Nesse sentido coloca István Mészáros: “...o sistema do capital é incorrigível”. 


Rio Grande, 23 de maio de 2012. 


Alexandre Macedo Pereira é Pedagogo pela Universidade Estadual da Bahia, Psicopedagogo pela Faculdade Internacional de Curitiba, Mestre em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia  pela Universidade Federal do Pará e Doutorando em Educação Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande. Alexandre é colaborador do blog e escreverá artigos todas as primeiras sexta feiras do de cada mês.