Por Alexandre Macedo
O que esperar da Rio +20?
Qual a relevância desta “reunião” de 193 países para as vidas da grande maioria das pessoas que vivem em situação de expropriação, exploração, etc.?
Sem meias palavras, não há relevância alguma. Antes que seja acusado de sectarismo, peço às pessoas que olhem a história recente. Qual a mudança positiva na vida das pessoas e das “não pessoas” no Brasil e no mundo a partir da Conferência Rio 92?
Preciso responder?!
Alguns dados para pensar: A OIT estima que 200 milhões de pessoas ficarão desempregadas este ano; o desmatamento da Amazônia avança sem controle e em muitos casos, patrocinado pelo Estado; o código florestal brasileiro está sendo aprovado nos moldes do agronegócio; a fome aumenta no mundo, as guerras se multiplicam, a corrupção não pára de crescer, o salário dos trabalhadores é uma vergonha, greves de servidores, professores, metroviários, motoristas de transporte coletivo, a Amazônia ocupada de forma vergonhosa pelas grandes empresas, etc., etc., etc.
Nada disso importa para os “interessados” na “sustentabilidade”.
Temos uma mídia comprometida e financiada pelo Estado e por isso, ela estampa essa manchete: Rascunho final da Rio+20 cria fórum de alto nível para sustentabilidade (fonte: Portal de notícias G1).
Pergunta: alto nível para quem?
A Rio +20 cumpre seu papel burguês, fortalecer o capital, reforçar o conceito de sustentabilidade. Gasta-se milhões com um evento deste, para convencer as pessoas que o mundo será sustentável com a economia verde. Aliás, dinheiro público!
Chamo atenção, não é a cor da economia que tem causado danos ao planeta, é sim, esse modelo econômico perverso de poucos. O mundo precisa de outro modelo de desenvolvimento e ele existe sim.
Por que não deixam os povos falarem?
Não deixam!!
Impõem sobre as pessoas a violência do silêncio, tira o direito à voz e se auto-intitula porta voz de um povo que nem voz pode ter. O discurso é sempre “bonito”, porém “líquido”.
Digamos não a esta representatividade!
Digamos não a Rio +20!
Nós educadores ambientais não lutamos para educar ninguém, lutamos para que as pessoas, em diálogo com as outras pessoas, se eduquem. Queremos que a educação ambiental seja problematizadora e contribua para o debate, com ações que visem a emancipação das pessoas. Dizemos não, a esse modelo de sociedade, dizemos não à Rio +20, dizemos não ao discurso de sustentabilidade reproduzido nas escolas públicas, dizemos não a uma educação ambiental bancária, utilitarista e pragmática!
Ah, o legado da Rio +20 para os otimista será a frustração! Para nós, matéria prima para lutar contra o sistema capitalista perverso, mentiroso e desumano.
Denuncio, não por que não acredito em uma nova realidade e sim, por que sei que é possível construí-la.
“A crítica arrancou as flores imaginárias dos grilhões, não para que o homem os suporte sem fantasias ou consolo, mas para que lance fora os grilhões e a flor viva brote”.
Marx
Abraço a todos e todas! Até o mês que vem.
E então a Rio + 20 terminou e nada do que aconteceu e do que não aconteceu foi surpresa pra nós não é? Pois é...Seu texto tbém reflete o que eu penso sobre tudo isso, todo esse movimento "em prol da sustentabilidade" nada mais é do que uma falácia.
ResponderExcluirParabéns por sua escrita, cada vez mais consistente e crítica. Precisamos de mais pessoas que façam isso, que revelem essa realidade que é tão escancarada, mas ao mesmo tempo tão escondida.
Ops, novamente esqueço de assinar... Thaíssa Pinheiro
ResponderExcluirassino em baixo, professor! vale ressaltar que um dos países mais agressores ao meio ambiente não está nem se importando com a Rio +20, e é uma das maiores economias do mundo: EUA.
ResponderExcluirParabéns pelo texto, Alexandre. Você coloca o que muitos tem vontade de dizer, mas falta-lhes coragem, afinal, não é fácil admitir que muito pouco tem sido feito em prol de um planeta que precisa se despir do consumismo e do fetichismo. Enquanto houver a valorização das coisas, o homem pagará com a própria vida por elas.
ResponderExcluirExcelente!
ResponderExcluirRafael Loureiro, estudante de Educação Física (UFPA), militante do Movimento Nacional Contra a Regulamentação da Profissão (MNCR) e da Executiva Nacional dos Estudantes de Educação Física (EXEEF-MEF).
ResponderExcluirExcelente texto mestre, amigo. Síntese sólida! Grato pelo envio...
Meu diálogo:
A crítica deve arrancar as flores imaginárias, a imaginação de que a "Economia verde" ou "sustentabilidade" é a solução ao desumano metabolismo predatório da natureza . Apologética que é firmada pelos diletantes e acolhida pelos ingênuos, que é petrificada pela ideologia do grande capital, na busca de legitimação. Mas a crítica arranca apenas as "flores imaginárias", os grilhões nos são impostos materialmente... (a citação é referente a crítica da religião)
Aqui vejo a necessidade de uma outra passagem da mesma obra de Marx, posição instaurada ainda em seus primeiros escritos e afirmada até seu último:
"A arma da crítica não pode, é claro, substituir a crítica da arma, o poder material tem de ser derrubado pelo poder material, mas a teoria também se torna força material quando se apodera das massas" (MARX, Crítica da filosofia do direito de Hegel - Introdução).
Posição esta que mostra o télos último ao instaurar a práxis crítico-prática, superadora e revolucionária em essência, radicalidade esta que não deve ser escamoteada ao nos posicionar. E aqui, para Marx ser radical "é agarrar a coisa pela raiz. Mas a raiz, para o homem, é o próprio homem".
E a radicalidade da posição revolucionária é ter convicção de que esse desumano e destruidor metabolismo encontra-se, enquanto fundado, na produção do capital, mercadoria e trabalho alienado, configurados pela propriedade privada dos meios de produção fundamentais a vida, essa firmada por qualquer democracia (que é burguesa em sua essência, herdeira do estado absolutista), acabamos de provar isso pelo golpe parlamentar ao presidente Lugo.
Termino meus apontamentos com uma tese a qual devemos nos guiar, não como uma receita ou fórmula, mas como horizonte inexorável para aqueles que acreditam em uma outra sociedade, verdadeiramente humana:
"Os filósofos só interpretaram o mundo diversamente, trata-se agora, por conseqüência transformá-lo" (MARX, XI Ad Feuerbach).
Um forte abraço, que continue na luta para esse mundo acontecer professor! Luta que segue!
Belíssimo texto meu amigo! Olha prestemos atenção a um fato: todos os paises falam em sustentabilidade ambiental, no entanto, a maior potencia mundial (EUA)deflagra constantes guerras mas se recusa a assinar o Protoco de Kioto.
ResponderExcluirLeuzilda Rodrigues
O texto expressa a indignação de todos aqueles que sabem que será necessário uma mudança de rota e até mesmo desfazer "o desenvolvimento" em pauta.Esse texto vai ao encontro do que propõe o Livro: "Desfazer o desenvolvimento para refazer o mundo" da Ed. Cidade Nova,2009.
ResponderExcluirEsse texto expressa a indignação de todos aqueles que acreditam que só será possível a sustentabilidade do planeta, se mudarmos a rota da economia mundial, ou até mesmo desfazer "desenvolvimento" como propõe o livro da "Desfazer o desenvolvimento para Refazer o mundo" Ed. Cidade Nova,São Paulo, 2009.
ResponderExcluirÉ pena que um evento de tamanha grandiosidade tenha pouca coisa colocada em prática, estive presente no evento, foi frustrante o resultado...parabéns pelo texto, sábias palavras numa verdade nua!!
ResponderExcluirAndré Martins
Rapaz, esse blog é bom demais. Gostei bastante da sua posição quanto a vários assuntos!
ResponderExcluirParabéns. Tô seguindo!!!
Se puder, visite o meu também
antonioandersonpsi.blogspot.com
Até breve!
Já estamos te seguindo. Obrigado!
ExcluirOla Alexandre,
ResponderExcluirparabéns, num pequeno texto,
novamente voce expressa o que eu e muitos gostariam de dizer,
mas nos faltam as palavras, a ousadia ou mesmo a coragem.
abraços
joão pouey