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30 de julho de 2012

A Crise Ambiental e a Tragédia Humana


Por Alexandre Macedo



Durante o mês de julho, viajando pelo interior do Estado do Pará, pude rever algumas situações, que embora sejam recorrentes e estejam presentes em todos os lugares, ainda me chamam a atenção e causam indignação. 

Chama-me atenção o fato de que miséria e “desenvolvimento”, nesse modelo, não são antagônicos. Os lugares (região sudeste do Estado do Pará) por onde passei são considerados como modelos de “desenvolvimento econômico” (mineração, comércio, agropecuária etc.), mas, são também, referências em violência no campo e nas cidades, corrupção, degradação da vida humana, degradação da floresta amazônica etc. Nessa lógica de organização social e econômica, miséria e “desenvolvimento” são “complementares”. 

Fonte: Arquivo pessoal
Morador de rua dormindo em Marabá
As pessoas perderam a importância e assumiram historicamente um papel secundário no “espetáculo da vida” promovido pelo sistema capitalista. Na atual conjuntura, não há “problema” algum em ver seres humanos jogados nas calçadas, dormindo sob as marquises, ou bilhões de pessoas morrerem de fome. É “natural” sistemas corruptos e pessoas morrerem nos corredores dos hospitais e postos de saúde etc. 

A vida humana não é central nesse processo, e por isso, nos debates ambientais os homens são protagonistas (e ao mesmo tempo são) vilões. Matar pessoas não é tão grave, basta olhar quantas pessoas morrem no Brasil sem ninguém ser responsabilizado. A violência não é entendida como uma questão ambiental (Porque deveria ser questão ambiental?). Nesse modelo, direito é privilégio e indignação é “vandalismo”. 

Todo o cenário de horror que vivemos não passa de um breve momento de transição, dizem os “donos” do poder. O Brasil melhorou, dizem sugadores políticos. Não podemos oferecer ajustes salariais por causa da crise econômica mundial, falam os ministros, mas, gastam bilhões em copa do mundo, olimpíadas e privilégios para manter a elite política do país. 

Fonte: Arquivo pessoal
Foto de um cartaz fixado na UFPA/Campus Marabá
Os debates ambientais precisam incluir, sem medo, as pessoas na centralidade da vida no planeta terra. Haja vista, que não há sentido para a humanidade o Planeta Terra sem pessoas. Precisamos entender que debates que separam o homem do ambiente é uma arma ideológica a serviço da burguesia que vê o outro como “coisa” de menor valor. A responsabilização dos danos ambientais aos indivíduos, como se todos fossem “iguais” em todas as dimensões, nada mais é que um erro epistemológico, ideológico, político engradado pelo bloco histórico dominante em todas as esferas da sociedade civil com o objetivo de exercer o controle. 

A crise ambiental posta pelos idealistas é uma armadilha, pois, se propõe crítica, mas, não ataca a essência do problema. Não se supera a problemática ambiental mantendo o modelo econômico capitalista. A revolução consiste em resgatar o homem para o centro do debate e construir mecanismos que determine a destruição definitiva do sistema de produção do capital. Salvar o planeta implica em salvar a humanidade, resgatar o sentido do trabalho socialmente útil, destruir a propriedade privada e instituir o socialismo. 

11 comentários:

  1. De fato precisamos mudar a realidade do sudeste do Pará..

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  2. Por vezes precisamos nos energizar...e este texto possibilitou exatamente isso...uma energia, um sentimento..e é bom saber que não estamos sozinhos e que a "utopia" pode sim tornar-se realidade!

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  3. É muito válido esse texto em forma de protesto, recentemente também estive no sudeste do Pará e posso afirmar a disparidade econômica e social mencionada no texto.Realmente estamos vivendo em uma modelo que está ficando cada vez mais insustentável.

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  4. É muito válido esse texto em forma de protesto recentemente também estive no sudeste do Pará e posso afirmar a disparidade econômica e social. Realmente estamos caminhando para um modelo insustentável principalmente no que diz respeito a dignidade da pessoa humana.

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  5. Não é a poluição que prejudica o meio ambiente. São as impurezas do nosso ar que estão fazendo isso.

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  6. Isso tudo é um triste resultado de um crescimento populacional desordenado na Amazônia, impulsionado pelos apocalípticos grandes projetos, principalmente mineradores e hidrelétricos.
    Sem muito o que progredir, vários migrantes e vítimas do inchaço populacional se afundam sem educação, segurança e dignidade e padecem graças à indiferença do poder público!

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  7. Ou seja... o problema é de todo mundo... e ao mesmo tempo de ninguém, ja que ninguem se responsabiliza. A hora que estourar a bomba, quem tem grana cai fora e quem não tem que estoure junto... essa é a lógica capitalista.

    Wagner Passos

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  8. Infelizmente essas megas empresas e os "mega" politicos só querem sugar essa região! Os que reinvidicam crescimento para a região, são os mesmo que falam mal e sugam dessa parte do Estado! Infelizmente é isso que ocorre! E depois querem brincar com a cara do povo querendo "dividir para melhorar" é triste!

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  9. Reflito pelo seguinte ponto de vista, todos somos responsáveis 100% de tudo que acontece em nossa volta, deixaremos de lado a hipocrisia da culpa, achar culpados no momento não seria a solução, fica aqui registrado mais um sentimento de culpa, e angústia por saber que tenho meu papel como eleitora e telespectadora assídua da destruição humana e ambiental. Parabéns pelo texto Alexandre, como minha amiga Beatriz Aviz logo acima disse, é uma utopia, mas pode sim ser uma realidade por mais que estejamos muito longe ainda disso. Sou e serei sempre uma otimista! A luta!

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  10. Infelismente essa é a realidade do nosso País, seja nas grandes cidades ou no interior, nos deparamos com quadros semelhantes, e muitas vezes fechamos os olhos ou os vidros dos carros por que achamos que o problema não é nosso, quando na realidade todos nós temos sim a responsabilidade e o poder como cidadão para mudarmos essa realidade. Em outubro é uma grande oportunidade, pense bem antes de dar o seu voto. Parabéns pelo texto Alexandre.

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  11. O texto é válido e chama a atenção para questões importantes, porém existe uma diferença em desenvolvimento e crescimento econômico, este último, que por sinal, é o que ocorre nesta região citada e também esta acontecendo atualmente em Rio Grande.

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