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11 de setembro de 2012

O Espetáculo das Eleições no Brasil: nem um sinal de luz no fim do túnel

Por  Alexandre Macedo Pereira

“No que se refere ao [neoliberalismo], estamos diante de uma fração do grupo dirigente que quer modificar, não a estrutura do Estado... quer [reforma]...”
Gramsci 

Essa reflexão nasce de uma conversa rápida com um amigo no face. Ele comentava que meus textos estavam revelando minha inclinação para o pensamento de esquerda, portanto, combativo. O respondi que chegando aos quarenta anos, já não via o mundo sob a ótica da juventude, mas, que não dava também, por medo da morte, da velhice não encarar os fatos com austeridade. 

Todavia, fiz a ele uma ressalva: o meu posicionamento ideológico/político, para uma postura dita de esquerda, não se manifestava no campo da política partidária. Foi quando ele me surpreendeu, afirmando que de fato no campo da política partidária, meu discurso não encontraria eco, pois, todos os partidos se organizam sob a lógica da produção do capital. 

Fiquei a pensar a quase trinta dias sobre isso e agora quero aqui compartilhar algumas inquietudes que me assolam. Vejam que interessante: estamos vivendo três momentos bem distintos, mas, interligados, no contexto da política nacional. As Eleições Municipais, o Mensalão e o Caso Cachoeira. 

O primeiro, as eleições, segundo a compreensão liberal, o momento máximo da “liberdade” de um povo. O segundo e o terceiro, feridas expostas de um modelo político e econômico falido, porém, útil para os dominadores detentores do capital. Mais uma vez Engels acerta ao afirmar: “o sufrágio universal é um instrumento de dominação da burguesia”. Querem nos fazer acreditar que o voto, no Estado atual (burguês), é capaz de manifestar verdadeiramente a vontade da maioria dos trabalhadores. 

De posse desses fatos lhes pergunto: Quem são os candidatos que representam uma nova forma de compreender o processo político na sua cidade? Qual a possibilidade real de mudanças no seu município com a eleição de qualquer um dos candidatos? Se lhe fosse facultado o direto de escolher votar ou não, qual seria sua posição hoje? Diante das opções que nos é ofertada é possível exercer a “democracia”? Vou parar por aqui com as perguntas, pois, me parece que todas as respostas seriam negativas. 

Mas, a justiça eleitoral brasileira, burguesa, desconsiderando o desmantelo do processo eleitora do ponto de vista da ética, vinculou uma série publicitária nesse ano, nos estimulando a votar e mais, mostrando que a responsabilidade de mudança do quadro atual é nossa. Uma nítida demonstração de que o Estado, em parceria com mídia burguesa, procura imbecilizar o povo, nós! 

Curiosamente vivemos simultaneamente ao processo eleitoral, dois grandes escândalos políticos e econômicos. É o momento oportuno para destacar que os réus destes dois processos são políticos, partidos, contraventores, empresários e empresas. Não seria interessante lembrar que alguns dos protagonistas do mensalão estão no parlamento, fizeram parte do governo Lula e Dilma? 

Ou será que a tragédia ética que assola esse país se desfez com o pedido de desculpa do Santo Lula, quando da explosão pública do escândalo? Seria o povo culpado por Lula e Haddad se abraçarem com Deus e o Diabo para tentar garantir o seu projeto de poder em São Paulo? 

Como pensar um projeto político inovador se “esquerda”, “centro esquerda” e direta não se distinguem nem quanto ao conteúdo e nem quanto à forma. Sem querer ser cético, estamos encurralados, sem condições de opção. O resultado disso são as distorções, cada vez mais aparente do sistema. 

É verdade que esse processo de exposição controlada da podridão do sistema capitalista não representa sua aniquilação, é verdade que não faremos revolução por votos e nem essa democracia deve ser cultuada como melhor modelo de organização social. A democracia burguesa nos dá o “direito” de dizer sim ou não em um contexto de pouca ou quase nenhuma capacidade de mobilidade nessa escolha. Segundo Engels: “Na República Democrática”, “a riqueza utiliza-se do seu poder indiretamente, mas com maior segurança”, primeiro pela “corrupção pura e simples dos funcionários”, depois pela “aliança entre Governo e a Bolsa”. 

Que tal democratizar a saúde e educação pública de qualidade e para a classe trabalhadora? Ah, ela já está democratizada, pois, esse é o máximo que a democracia burguesa pode oferecer: palavras vazias. 



Rio Grande, 08 de agosto de 2012 


4 comentários:

  1. Concordo com tudo o que tu colocastes sobres os limites (opressores) da chamada "democracia" burguesa - mas tbm tenho uma certeza: se em 2002 e em 2006 esse nosso povo tivesse votado nos neoliberais de sempre (Serra, Alckimim), estaríamos, hoje, comendo pedra e sem uma universidade pública pra estudar... Um abraço! Wagner Terra Silveira

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  2. Concordo com tudo o que tu colocastes sobres os limites (opressores) da chamada "democracia" burguesa - mas tbm tenho uma certeza: se em 2002 e em 2006 esse nosso povo tivesse votado nos neoliberais de sempre (Serra, Alckimim), estaríamos, hoje, comendo pedra e sem uma universidade pública pra estudar... Um abraço! Wagner Terra Silveira

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  3. É verdade. Não podemos negar que os avanços aconteceram. Todavia, não podemos achar que esse governo ai posto não é neoliberal. Uma pessoa muito querida e respeitada no mundo acadêmico me fez uma observação válida: "coexistencia de fenômenos históricos passados, presentes e futuros". Lembro-me de uma fala de Gramsci: "para que o novo nasça o velho tem que morrer"... Apenas é importante registrar: a universidade não é o centro do mundo e nem a sua solução.As pessoas morrem de fome todos os dias... a violência se alastra e pessoas morrem nos corredores de hospitais sem atendimento. As comunidades tradicionais estão sendo dizimadas. Em nome dos "avanços" da universidade não posso negar a tragédia que a humanidade vive. Não quero acreditar que os fins justificam os meios, ainda não. Forte abraço.

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  4. Não quero um governo neoliberal. Não quero desenvolvimento sustentável.

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