Por Alexandre Macedo
Durante o mês de julho, viajando pelo interior do Estado do Pará, pude rever algumas situações, que embora sejam recorrentes e estejam presentes em todos os lugares, ainda me chamam a atenção e causam indignação.
Chama-me atenção o fato de que miséria e “desenvolvimento”, nesse modelo, não são antagônicos. Os lugares (região sudeste do Estado do Pará) por onde passei são considerados como modelos de “desenvolvimento econômico” (mineração, comércio, agropecuária etc.), mas, são também, referências em violência no campo e nas cidades, corrupção, degradação da vida humana, degradação da floresta amazônica etc. Nessa lógica de organização social e econômica, miséria e “desenvolvimento” são “complementares”.
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Fonte: Arquivo pessoal
Morador de rua dormindo em Marabá
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As pessoas perderam a importância e assumiram historicamente um papel secundário no “espetáculo da vida” promovido pelo sistema capitalista. Na atual conjuntura, não há “problema” algum em ver seres humanos jogados nas calçadas, dormindo sob as marquises, ou bilhões de pessoas morrerem de fome. É “natural” sistemas corruptos e pessoas morrerem nos corredores dos hospitais e postos de saúde etc.
A vida humana não é central nesse processo, e por isso, nos debates ambientais os homens são protagonistas (e ao mesmo tempo são) vilões. Matar pessoas não é tão grave, basta olhar quantas pessoas morrem no Brasil sem ninguém ser responsabilizado. A violência não é entendida como uma questão ambiental (Porque deveria ser questão ambiental?). Nesse modelo, direito é privilégio e indignação é “vandalismo”.
Todo o cenário de horror que vivemos não passa de um breve momento de transição, dizem os “donos” do poder. O Brasil melhorou, dizem sugadores políticos. Não podemos oferecer ajustes salariais por causa da crise econômica mundial, falam os ministros, mas, gastam bilhões em copa do mundo, olimpíadas e privilégios para manter a elite política do país.
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Fonte: Arquivo pessoal
Foto de um cartaz fixado na
UFPA/Campus Marabá
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Os debates ambientais precisam incluir, sem medo, as pessoas na centralidade da vida no planeta terra. Haja vista, que não há sentido para a humanidade o Planeta Terra sem pessoas. Precisamos entender que debates que separam o homem do ambiente é uma arma ideológica a serviço da burguesia que vê o outro como “coisa” de menor valor. A responsabilização dos danos ambientais aos indivíduos, como se todos fossem “iguais” em todas as dimensões, nada mais é que um erro epistemológico, ideológico, político engradado pelo bloco histórico dominante em todas as esferas da sociedade civil com o objetivo de exercer o controle.
A crise ambiental posta pelos idealistas é uma armadilha, pois, se propõe crítica, mas, não ataca a essência do problema. Não se supera a problemática ambiental mantendo o modelo econômico capitalista. A revolução consiste em resgatar o homem para o centro do debate e construir mecanismos que determine a destruição definitiva do sistema de produção do capital. Salvar o planeta implica em salvar a humanidade, resgatar o sentido do trabalho socialmente útil, destruir a propriedade privada e instituir o socialismo.